Artigo: Desconfiança do mercado financeiro, por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
A sociedade controladora (Holding) das Americanas comunicou na última quarta-feira (11) inconsistências não registradas no balanço contábil fiscal, com a ocultação de débitos com fornecedores e instituições financeiras que somam um rombo de R$ 20 bilhões.
Com a divulgação as ações da Americanas sofreram forte queda de 75% na Bolsa. Analistas avaliam os impactos sobre o mercado de ações e no financeiro, estritamente ligado à confiança.
“O rombo representa 1,9 vezes o valor da empresa no mercado, grande o suficiente para quebrar, se não conseguirem levantar capital novo para resgatar o negócio. Para o mercado como um todo, fica o receio de se apenas a Americanas estava adotando essa prática contábil condenável ou se podem surgir rombos de natureza semelhante em outras empresas”, afirma Ivan Barboza, sócio gestor do Ártica Long Term FIA.
“O maior problema é que esse tipo de erro contábil é muito difícil de detectar. Se os demonstrativos financeiros não são preparados da maneira com que deveriam, só quem está vendo a empresa por dentro é que tem informações suficientes para identificar a má conduta”, enfatiza Ivan Barboza. “As marcas se relacionam com uma série de públicos, entre eles os investidores, parceiros, fornecedores, além, claro, dos consumidores. Existe um ecossistema que funciona em torno daquela companhia. Ainda não se sabe exatamente o que significa essa inconsistência contábil. Mas alguns desses públicos, principalmente os acionistas, já começam a reagir a isso”, analisa Beto Guimarães, CEO da consultoria Interbrand.
Entre os principais credores estão empréstimos estatais ao apagar das luzes de 2022, entre eles estão bancos públicos brasileiros, ou seja, o prejuízo atinge uma amplitude muito maior do que dos acionistas da Holding, e o temor fica mais evidente quando se colocado a prova a confiabilidade dos registros contábeis e a fiscalização das operações. O trio controlador das Americanas está no rol dos empresários mais ricos do Brasil, Lemann, Telles e Sicupira, que já estiveram envolvidos em outros escândalos; sobre o último, alegam: “jamais tivemos conhecimento”.
A desconfiança no mercado aumenta com o escândalo e com o prejuízo aos cofres públicos e dos investidores. Sendo possíveis manobras e práticas fraudulentas sem o alcance da lei e das autoridades, poderemos ter outras bolhas ocorrendo prestes a estourar.
Colaboração: Portal do Empreendedor Goiás