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Artigo: Desdolarização da economia mundial, por Alfredo Horing

Sobre o autor
  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.

Após a grande depressão econômica de 1929 com o choque na economia mundial (economic crash), restou aos países intensificar suas relações comerciais e internacionalizar suas economias utilizam-se do dólar americano como medida de valor. O dólar vai se firmar como moeda mais importante no mundo após a segunda guerra mundial, quando os Estados Unidos da América – EUA financiam a reconstrução de países devastados pela guerra em dólares. 

Com um alto nível de concordância entre os países sobre a necessidade de estabelecer metas e meios de gerenciamento de moedas na economia mundial no pós-guerra, foi criado em 1944 o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. A partir da criação destes organismos de regulamentação, acordou-se que o dólar se fizesse presente em todos os meios de empréstimos, pagamentos e depósitos.

Desde então a moeda americana tem sido moeda padrão para a conversão de moedas domésticas, todavia um fenômeno pouco percebido está em curso que pode mudar a ordem do capital, a chamada “Desdolarização da Economia Mundial”, que nada mais é que a utilização de outras moedas como reserva de valor fiduciário na substituição do dólar americano.

Sinais de fraqueza do padrão vigente aparecem no comércio internacional com a substituição do trilhonário comércio de petrodólares (comércio de petróleo em dólares).  As sanções ocidentais contra a Rússia evidenciaram que um país pode sofrer bloqueio de reservas e severas restrições monetárias de sua moeda por decisão unilateral dos EUA e de seus parceiros, com extensão e duração indefinidas. Por precaução, muitos países já haviam criado ou previsto sistemas de pagamentos alternativos e diversificado reservas. Resumindo, os países se deram conta que suas reservas estão de posse dos americanos. O que tem garantido o comércio internacional são dólares eletrônicos utilizados em todo o comércio internacional observando-se que nunca saem dos EUA e nunca entram em nenhum país. Eles estão o tempo todo em território americano.

Iniciativas de países para o uso de moedas alternativas no oriente médio e do leste europeu não alcançam volumes relevantes. Riscos políticos de negociar em outras moedas diminuíram em termos relativos com o cerco ocidental à Rússia, mas persistem os riscos financeiros de reter saldos em moedas com baixa liquidez e muita incerteza sobre seu valor. A intensificação do uso do yuan (chinês) poderia superar estes obstáculos, Pequin desmente a intenção. Também por isso causou especial interesse a notícia de que a Arábia Saudita cogita aceitar yuans no comércio bilateral de petróleo.

A última medida do ocidente para impor sanções econômicas à Rússia gera efeito colateral, ocorre que Moscou já se manifestou em não aceitar o tabelamento de seu petróleo em dólares e estuda realizar comercialização bilateral do petróleo em ouro. 

O dólar americano continua sendo moeda forte e confiável, para a reciproca ser verdadeira é necessária que a economia global retome o crescimento. Enquanto a economia global patinar em recessão, conviver com inflação e juros altos, países vão ao encontro de alternativas clássicas para proteger seus ativos de um “economic crash”.

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