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Artigo: Frustração nos preços da soja, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
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Abrimos a semana com forte rally de compra de Dólar no mercado cambial no Brasil. A forte valorização acontece na semana decisiva na politica nacional e com fatos ocorridos no final de semana envolvendo Políticos e a Policia Federal.

Enquanto os negócios da soja no mercado interno estão travados esperando uma definição, produtores começam a se preocupar com os custos dos estoques de passagem e a perda de peso dos grãos armazenados. A necessidade de fazer caixa até o final de ano e de fugir da pressão de preços com a entrada da colheita pode ganhar outra variável de peso, uma possível queda na cotação do Dólar Comercial.

No mercado interno de forma inacreditável os preços estão sob pressão nesta época do ano, quando historicamente ocorre o contrário, prejudicando produtores que carregam soja  para comercializar no último quadrimestre do ano.

O mercado financeiro aposta na virada da disputa eleitoral e no crescimento da economia nacional no próximo governo, se isso realmente acontecer nos preocupa o rumo da cotação do Dólar, que afeta diretamente o bolso do produtor que dispõem de produto para comercializar até o final do ano, afetando também preços da soja da próxima safra, que não é uma safra qualquer, e sim uma safra de custos elevadíssimos.

Momentaneamente o mercado da soja está sendo manipulado, algo que vem acontecendo sistematicamente todo ano. Em 2022 nos parece muito forte a estratégia compradora. Longe de ser um mercado perfeito e equilibrado, o lado mais frágil da cadeia continua sendo “o produtor”, que tem a informação profissional como ferramenta aliada para enfrentar os interesses dos compradores que aliados com a mídia disseminam fakes para tirar proveito das situações que lhes convém.

A tão alardeada crise global reduzindo a demanda e o consumo do complexo soja tem travado a comercialização no mercado internacional. Os únicos países que podem abastecer o mundo com a soja são os Estados Unidos da América (EUA) e o Brasil. A logística da safra americana vem surpreendendo cada vez mais negativamente. Os efeitos com a seca vêm reduzindo o montante da colheita deixando o Brasil como maior fornecedor da soja para o mercado internacional.

Os fundamentos neste momento são jogados para debaixo do tapete, a ordem dos compradores é noticiar que sobra soja no mundo, quando os números apontam em outra direção. Os EUA e o Brasil tem uma expectativa de colher 244 milhões de toneladas (mil/ton), 26 mil/ton a menos do que era previsto inicialmente.

As desinformações são tentativas de originar soja barata, queda da demanda e a recessão ligada à crise são folclóricas. Na verdade o consumo de alimentos em períodos de recessão mundial cresce as pessoas não deixam de comer, ao contrário politicas públicas e os auxílios financeiros incrementam a demanda por alimentos.

A pressão negativa nos preços da soja em uma ligeira faixa de estabilidade ocorre em plena disparada da cotação da moeda americana, sendo cotada hoje a R$ 5,32. Por outro comportamento, fica o alerta para uma possível reversão no preço da soja por influência direta da valorização do Real frente ao Dólar pós as eleições, implicando negativamente na renda do sojicultor.

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