Artigo – Julho e agosto meses baixistas para a soja, por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
As quedas nos preços da soja no mercado internacional ocorrem pela pressão sazonal de julho e agosto meses baixistas, influenciando os preços na CBOT (Chicago Board of Trade), com pressão de venda e a reticência dos compradores.
Os meses de julho e agosto são meses de muitas incertezas climáticas para definição da colheita americana. Com potencial de altas ou com potencial de baixas. As chuvas que ocorrem nas regiões produtoras e a melhoria das condições das lavouras trouxeram expectativas para aumento da produção da soja. Segundo USDA (relatório de agosto) a colheita americana poderá chegar a 123,3 milhões/ de toneladas frente a 122,6 milhões/t previsto em julho, a maior safra que os Estados Unidos já tiraram dos campos.
Com o retorno das chuvas e com os dados de uma boa colheita, fazendeiros americanos apressam vendas antecipadas da safra nova que chega ao mercado em setembro, para cumprir seus compromissos. Este movimento tradicional na agenda deixa o comprador em uma situação privilegiada para fixar preços.
A clássica ação dos órgãos governamentais inflando dados tem um só objetivo, derrubar preços agrícolas e conter a escalada dos preços dos alimentos. Ao olhar a economia americana dando sinais de estagnação e crescimento tímido, justifica-se a ação do USDA. A indignação fica por conta das divergências de metodologias de apuração das condições de lavouras que vem caindo, com um surpreendente aumento de produção.
O produtor brasileiro entra em um momento delicado, carregando seu produto de passagem. Todavia, olhando para os fundamentos oportunidades par vender a preços melhores devem ocorrer. O aumento previsto para a colheita americana não traz alteração significativa para os estoques globais. Outro registro importante é o consumo agressivo interno que ocorre tanto nos EUA e no Brasil. Que vai a algum momento ter que sofrer ajustes de preços para conter as exportações, frente aos estoques globais baixos.
A safra americana ainda não está definida a queda de preços internacionais atiça ainda mais a demanda. Além da indefinição, temos também as expectativas da próxima safra sul americana, pela qual o mercado aguarda a recomposição dos estoques globais, é claro se nada der errado.
No Brasil o preço da soja no mercado interno tem se mantido ligeiramente abaixo da média. O valor da moeda americana (dólar) vem em recuperação, após testar o lado negativo do gráfico, sendo fator importante para a estabilização do preço interno da soja aos atuais. Outro fator que tem ajudado os preços são os prêmios pagos pelo comprador nos portos que variam em 110 a 250 pontos por bushel.
O que vai estabelecer preços no mercado interno é a oferta, ou seja, a venda. Com poucos vendedores e muitos compradores o ajuste nos preços é necessário.
Faça o planejamento financeiro da sua propriedade para que momentos cíclicos sejam superados sem prejuízos.