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Artigo – Fake news, uma mentira contada milhares de vezes, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.

O preço das Commodities Agrícolas parece estar cada vez mais suscetível a Fake News, uma mentira contada milhares de vezes da impressão de verdade.

A arma mais letal usada pelo comprador é a informação disseminada pelo papel das comunicações. Os investimentos nesta área são cada vez maiores, iniciam com títulos bombásticos e são alavancados pelos papagaios de plantão para alcançar objetivos, impondo pressão a qualquer custo sobre os produtores com a finalidade de originar os produtos dos campos, que lhes mais interessam comprar comida barata.

Para iludir o agronegócio publicam matérias tendenciosas e especulativas para influenciar o rumo dos preços das Commodities Agrícolas em especial a soja, carro chefe na economia aqui no Brasil. Neste ano uma das notícias que mais correu o mundo foi de que a China estaria comprando menos soja, que levaria uma queda na importação aqui no Brasil, fosse verdadeira seria negativo para os preços, só que não é. Uma verdadeira Fake News, criada para segurar as cotações e favorecer o maior comprador de soja do planeta.

Para falar tamanha bobagem os interessados de plantão deixam uma informação estratégica e básica de lado e olham somente para números oficias. De fato os números  registram para queda, segundo o Departamento de Agricultura do Estados Unidos USDA, autoridade máxima no mundo quando se trata de progressão de oferta e demanda, o gigante asiático consumiu em na temporada 2019/2020 116 M.t (milhões de toneladas) e na temporada 2021/2022 a previsão é de 106,7 M.t ou 6,0 M.t a menos.

Mas o detalhe esta justamente aqui. O que levaria a China a reduzir o seu consumo? O Brasil é o maior fornecedor externo da soja, que sofreu com a maior seca da sua historia. Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) a safra de soja atingiu 124,0 M.t, 14,0 M.t a menos que na temporada anterior. E ninguém tem interesse em mostrar isso ao mercado.

Com uma quebra de 14,0 M.t de soja dos campos brasileiros, o País terá que cortar radicalmente sua venda de soja ao mercado externo na temporada 2022, ao contrário colocaria em risco seu abastecimento (terceiro maior consumidor da soja no planeta). Desta forma entendemos que a China não esta consumindo menos soja em função da queda de renda, efeitos da pandemia ou problemas sanitários, na verdade os chineses estão sendo forçados a ajustar seu consumo para baixo, simplesmente porque não tem de quem comprar toda soja que precisam. Importante lembrar que só existem dois fornecedores em potencial para abastecer o mundo com soja, o Brasil e os EUA que estão no limite exportável. 

Os EUA já certificaram a venda de 59,6 M.t para temporada 2022, ou seja 500mil/t a mais que reportado no mesmo período de 2021. Esses números demonstram a força da demanda compradora e não seria nenhum problema se os estoques estivessem abarrotados, oque não ocorre. Sobra para o Brasil abastecer o mundo até que entre a safra americana. Assim segundo a CONAB há de se derrubar em 11 M.t as  vendas brasileiras para não comprometer o estoque de passagem.

Isso explica o porquê da China ter comprado 9 M.t a menos neste período no comparado ao ano passado. 

“Antigo ditado popular dizia que a ‘comunicação é alma do negócio”, na modernidade e na velocidade da informação podemos sugerir que a “comunicação pode ser utilizada como arma para qualquer negócio”. Então a sugestão continua sendo informe-se, não atenda apelos de Fake News, para não ver seu lucro escorrer pelos dedos.

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