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Artigo – E o nosso leite de cada dia!, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
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Destaques recentes dos noticiosos são matérias ligadas ao preço do Leite para o consumidor final. “Preço do Leite já Chega a Quase R$ 10,00; Porque o Leite Esta Tão Caro; Preço do Leite Sobe mais de 20% nos Últimos 12 Meses”. Pouco ou quase nada refere-se a produção, mas qual o fator que motiva a escalada de preços dos lácteos na ponta consumidora?

Para arriscarmos respostas precisamos investigar os motivos que levaram ao desequilíbrio deste mercado. Partimos do ponto mais suscetível na cadeia láctea, referimonos sobre a oferta. Para produzir o leite as “fazendas” precisam investir em terras produtivas, tecnologia, sanidade animal, genética, mão de obra e insumos. Com a disparada dos custos de produção nos últimos anos, muitos dos “fazendeiros do leite” abandonaram a atividade e outros ainda optaram pela redução dos planteis produtivos. Este processo ocorre pelo desestimulo monetário quando a produção no campo atinge margens de lucros negativas. Fenômeno econômico que vem ocorrendo nos sete maiores produtores mundiais de lácteos os Big-7, União Europeia, Estados Unidos da América, Nova Zelândia, Austrália, Brasil, Argentina e Uruguai, exceto daqueles que os governos subsidiam a produção.

Como sabemos a desaceleração da produção de leite ocorre e se estenderia do terceiro trimestre de 2021 até o segundo trimestre de 2022, como já referíamos em matéria anterior. Porém sinal de queda na produção de leite nas fazendas pode ir além de 2022.

 Os altos preços do leite para o consumidor são sinais de que o mercado tenta ajustar a oferta e demanda. Países que temem pela segurança alimentar têm usados de mecanismo para conter a demanda. A China maior consumidor mundial de lácteos, tentou através de manobras recentes impostas pelo “Lockdown Covid”, reduzir a demanda por alimentos e a estratégia até que freou o consumo de lácteo próximo a 6%, mas na realidade preços altos não são de responsabilidade somente pela demanda. Há de considerar que a oferta depende do número do rebanho leiteiro e ação climática, que são determinantes para a redução atual da produção mundial.

No mercado interno o aumento de preços nas gondolas dos mercados a média de preço ultrapassa a 20%, em alguns casos o litro se aproxima dos R$ 10,00, na contramão da politica salarial e da renda do assalariado. Já para os produtores a alta de preços chega a 5,33%, com a média Brasil na referência junho/22 á R$ 2,68, segundo CEPEA (Centro de

Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Em meio à disputa pelo leite no mercado spot, as indústrias têm focado em produtos mais básicos da cesta de lácteos, como leite UHT e o leite em pó. Todavia, que tem competido com o mercado interno é a exportação. Só para exemplificar os exportadores de leite que operam no mercado brasileiro venderam em cinco meses deste ano 1,09 mil/t de leite liquido eliminando o soro de leite, para Argentina, registrando um avanço de 11,5% em um ano.

Com os custos de produção em elevação e com margens de lucro achatadas o desestimulo da produção afeta produtores e consumidores e tende a se agravar cada vez mais. Entendemos que para restabelecer um equilíbrio da cadeia de lácteos, o desafio é fortalecer a renda do consumidor e recuperar margens de lucratividade compatíveis com os investimentos da propriedade, para que isto ocorra é necessário aprofundar discussões e controles sobre a diferença de preços pagos para a produção e preços pagos pelo consumidor final. 

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