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Artigo – Queda do preço do trigo no mercado internacional, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.

Difícil para qualquer mortal afirmar o que ocorre no mercado internacional quando se trata de alimentos e muito mais imprevisível quando se trata do cereal rei “o trigo”. A especulação tomou conta do mercado do trigo no primeiro semestre de 2022, fazendo com o preço do grão subisse como foguete, gerando dúvidas do abastecimento global durante a guerra entre Rússia e Ucrânia. Grande parte deste movimento foi motivado pela especulação e a oferta reduzida do cereal ao redor do mundo.

Pois na semana que passou um verdadeiro Tsunami passou pelos mercados das Commodities agrícolas, soja, milho e trigo perderam forças e caíram forte na Bolsa de Mercadoria e Futuros de Chicago (CBOT), invertendo o rumo após forte valorização. O movimento colocou dinheiro no bolso dos especuladores, aguardando pechinchas de preços para voltar a comprar. Mais do que um movimento técnico tem fatores geopolíticos influenciando o mercado.

Buscamos dados de um ano atrás para entender o presente. Na época a terceira semana de junho/21, os mercados realizaram lucros e puxaram os preços das commodities para baixo em especial soja e milho. A soja perdeu 13% em uma semana, mesmo resultado do milho. Os mega investidores na época embolsaram lucros com notícia que passou a circular no mundo sobre a mudança da politica de mandato de biocombustíveis nos Estados Unidos da América (EUA) até hoje não confirmada, que teoricamente iria enfraquecer a demanda por soja no mundo. Além de derrubar os preços colocou âncora nos preços destes produtos para o produtor no segundo semestre.

O movimento da recente queda já era aguardado por entendermos que o mercado de commodities agrícolas é o mais especulativo do mundo. Assim quando se forma no gráfico um movimento forte, há de se esperar a reversão deste movimento em algum tempo. Só para exemplificar usamos o trigo por ser o grão que mais caiu 27,7%, chegando a ser cotado a $ 9,24 (nove dólares e vinte e quatro cents), menor cotação desde 28 de fevereiro de 2022. A justificativa usada pelos players de mercado é á crise financeira global que surtiu o que o mercado chama de “efeito manada” (movimento conjunto de grandes players na liquidação).

A queda do trigo no mercado internacional atende aos interesses dos países dependentes da importação do cereal, que convivem com a deterioração das suas politicas econômicas com a pressão causada pela elevação dos preços dos alimentos. Por outro lado a Rússia abocanhando a produção de trigo Ucraniano é o único País que dispõem de trigo para abastecer o mundo, desbancando a União Européia, que deixou de ser o maior exportador. Os interesses dos EUA vão além da tentativa de restringir a entrada de divisas na economia Russa através das exportações de trigo enfraquecendo o “Rublo” (moeda Russa), atende também ao interesse de fortalecer a aliança militar, politica e econômica no leste europeu, com a entrada da Finlândia e Suécia na Organização do Tratado Norte (OTAN).

Os produtores brasileiros não sentiram a queda dos preços do trigo no mercado físico, pela pouca oferta de trigo no mercado e pelas recentes elevações do dólar (taxa cambial). Mas fica o alerta para essa possibilidade já que a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estimam uma produção brasileira de 8,4 milhões de toneladas, pressionando a oferta e os preços no mercado interno.

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