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Artigo – Mercado das commodities agrícolas e os ajustes de oferta, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
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As negociações para criar um corredor de escoamento de grãos na região do conflito no leste europeu se tornaram mais distantes após os últimos ataques russos aos principais portos ucranianos, influenciando o mercado das commodities agrícolas.

O trigo, principal grão ucraniano e da Rússia, nesta segunda (06), disparava 5,52% com 57 pontos de alta, cotado UU$ 10,97, no contrato julho. 

O Milho, segunda mais importante commodity da Ucrânia subia junto, com leve suporte no clima frio e úmido no meio oeste americano em pleno plantio, fechando a US$ 7,42, alta de 2,13%. A incerteza frente à reunião de criação de um corredor exportação na Turquia nesta quarta (08) deu fôlego aos preços do trigo puxando também o milho, depois da realização de lucros na semana anterior.

A soja que tenta pegar carona em outros mercados de commodities agrícolas, assim como seus derivados (óleo e farelo), testou alta de até dois dígitos, porém noticias fracas da demanda levou a um fechamento misto com o julho a UU$ 16,99 o bushel. No momento o ritmo do plantio da soja e milho americano se normaliza dentro da média dos anos anteriores, que de certa forma da uma freada nos preços diante dos ganhos dos últimos dias. 

A oferta das commodities agrícolas influencia o rumo dos preços, enquanto os países reestruturam suas politicas de oferta á demanda dá sinais de enfraquecimento, pela restrição da renda dos consumidores. Assim a safra americana de soja, milho e trigo são aguardados pelo mercado, que pode ser um fator decisivo para os preços no segundo semestre, mas até lá, a ação do clima poderá dar muita volatilidade aos preços.

O mercado brasileiro de soja está aparentemente “morno” com as recentes desvalorizações do câmbio, com poucos negócios pontuais. No momento o produtor brasileiro se concentra na colheita do milho safrinha e na implantação da safra de trigo na região sul. Melhores oportunidades para os preços da soja são aguardados, porém em patamares menores que o visto. Já os preços do milho serão pressionados pela oferta da segunda safra que está iniciando.

Com relação ao dólar responsável pelos excelentes preços da soja no final de fevereiro e meados de março de 2022, acreditamos que no curto prazo a pressão diminua e se mantêm levemente acima dos patamares atuais, a valorização poderá acentuar-se caso houver ajustes na taxa de juros americana e com isso inversão do fluxo de dólares para a América. Outro fator que sempre há de se considerar é o rumo da disputa eleitoral, que historicamente têm influência sobre a cotação do dólar. 

Momentaneamente a alta volatilidade e a escalada dos preços internacionais estão ligadas a escassez de oferta, fazendo com que os prêmios sejam altamente positivos nas negociações. Acordos bilaterais em relação ao conflito para escoar commodities ou por fim na guerra são fatores que não podem ser descartados e teoricamente viriam a pressionar negativamente os preços internacionais.

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