Artigo – A escalada de preço do trigo no mercado internacional, por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
A cultura do trigo ocupa 20% de toda a área cultivada no mundo, com expectativa de produção em torno de 775 milhões de toneladas/ano. Os maiores produtores mundiais de trigo são: China, Índia, Rússia, Estados Unidos, França e Canadá.
Em seu último boletim o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América – USDA projeta uma produção mundial de trigo de 775,87 milhões de toneladas, abaixo da estimativa de setembro que apontava produção de 780,28 milhões de toneladas, para uma demanda de 788 milhões de toneladas em 2021/2022.
No gráfico abaixo a expectativa de exportações de trigo 2022/2023, em Milhões de Toneladas.

Pouco se fala do aumento de consumo mundial de trigo, a oferta já não tem acompanha o crescimento da demanda, ao contrário informações determinantes na formação de preços vem do lado da oferta e geralmente de interesse dos compradores.
O crescimento da população Africana especialmente na Índia é algo surpreendente, o País caminha para ser o mais populoso odo planeta, com 1,414 bilhões de habitantes, puxando o consumo de alimentos. A respeito do tema, noticia divulgada no final de semana provocou um choque no mercado de trigo, quando o País (oitavo maior exportador mundial), anunciou a proibição das exportações como estratégia na segurança alimentar.
Na segunda feira (16), após o comunicado do governo indiano, o cereal subia como um foguete na Bolsa de Mercadorias e Futuros de Chicago CBOT, na abertura os preços dos contratos com entrega em julho de 2022 negociados a US$ 12,38 com uma alta de 5,18%, em relação ao fechamento anterior.
O temor do mercado é que a medida tomada leve a outros países na mesma direção e coloque em choque o abastecimento mundial de trigo. A Rússia (maior exportador mundial), já comunicou o fornecimento de trigo somente às nações não hostis, a Ucrânia (sétimo exportador mundial), está fora do mercado em função da guerra e a Argentina (sexto maior exportador mundial), estuda medidas para proteger o abastecimento interno em função de expectativa de safra menor.
No mercado físico, boas oportunidades de preços são aguardadas para o segundo semestre, a dica é aproveitar oportunidades de preços que irão surgir com a procura pelo produto no mercado internacional, outro fator que merece atenção é relacionado aos contratos futuros com preços pré-estabelecidos pela indústria, que tem desfavorecido o produtor rural em anos de oferta escassa.