Artigo – Cuidado para não ser pego no contrapé do mercado da soja, por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
Na última semana a soja no mercado brasileiro atingiu o pico de preços de 2022, e talvez o maior visto em Reais no mercado físico, quando a saca de 60 quilos no spot foi cotada a R$ 204,00. Com isso a comercialização seguiu firme em todo o Brasil, embora oferta restrita.
Manobra da politica econômica tem influenciado preços no mercado interno, preocupando o sojicultor, no momento que precisa fazer caixa á curto prazo e põem em alerta para a volatilidade dos preços finais. Os preços da soja começaram a semana em queda e o sentimento baixista influencia o mercado spot (balcão) e a tendência é que continua assim.
O questionamento do momento é do por que ocorre isso? Podemos responder com outras duas questões! O porquê da queda ladeira a baixo da taxa cambial (Dólar) uma das variáveis que forma o tripé do preço da soja? Que o aumento da taxa de juros SELIC, em um ponto percentual (1%) efetuado pelo CUPOM (Banco Central do Brasil), tem a haver com nossa ilustração?
Na última quarta feira (16), o CUPOM elevou à taxa de juros em 1% e assim investidores atraídos pela taxa de juros, migram seus Dólares para os paraísos com altas taxas, beneficiando-se da renda fixa que paga hoje no Brasil (11,75% ao ano). Enquanto nos Estados Unidos da América flutuam entre 0,25% a 0,50%.
Na verdade não é a cotação da soja que vem caindo, mas sim o Dólar que baliza os preços no mercado interno, ao contrário os preços na CBOT (Bolsa De Chicago), continuam em alta.
Fator relevante que ocorre neste mercado e que pode influenciar positivamente os preços em longo prazo, vem da Argentina. O País é responsável por 48% do óleo de soja e 41% do farelo de soja que tem abastecido o mundo. Nesta segunda feira (21) o governo de Alberto Fernández confirmou o aumento dos retenciones (taxa de retenção), para 33% sobre as exportações de farelo e óleo de soja, igualando as alíquotas já cobradas sobre a exportação da soja. Segundo o governo argentino o recurso desta taxação tem como objetivo formar um fundo garantidor para estabilizar os preços do trigo e da farinha no mercado interno argentino.
Com os custos de produção nas alturas somados a taxação do complexo soja, a expectativa que a Argentina gradativamente aumente o plantio de milho em detrimento a redução de soja. Em 2022 o setor rural argentino ainda enfrenta uma grave estiagem, assim a estimativa é de uma colheita de 43,5 milhões de toneladas de soja a menor dos últimos 16 anos.
Muitas dificuldades surgem para as nações quando se tratam da soberania alimentar e os efeitos da elevação dos custos de produção. Uma pequena mostra do que vira já é realidade, caso as incertezas causadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia permaneça, um período de encarecimento das matérias primas essenciais para a produção agrícola inviabilizará uma grande parte da produção agrícola mundial e levará os preços inalcançáveis ao consumo de grande parte da população mundial.
No Brasil mecanismos de politica econômica poderão pressionar a taxa cambial até o limite da real economia, e assim influenciar negativamente as margens já espremidas, em curto prazo.