Artigo – Se Tiver Soja Nas Mãos Faça Seu Preço… , por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
Em matéria produzida na data de 11 de janeiro de 2021, registrávamos a expectativa de que a soja viesse alcançar o preço “soja guará” apelido carinhoso dado quando a saca da soja valesse R$ 200,00. Na época diversas manifestações contrárias a essa possibilidade chegavam a nós. Com muita convicção nas variáveis analisadas na época, sugeríamos cuidado em fixar valores para a venda futura da safra de 2021/22, uma vez que tudo levava a crer que a demanda muito agressiva poderia determinar novas máximas aos preços para a soja na entrada de safra.
Na semana, os valores pagos pela soja disponível dispararam em todos os portos brasileiros puxando também os preços no mercado físico. Lotes negociados a preços já ultrapassando a meta da “soja guará”. Com os compradores desesperados tentando buscar a oferta disponível e escassa, com deságio nos portos entre R$ 10,00 a R$ 20,00. Se tiver soja nas mãos faça seu preço, assertivo na sua decisão diagnosticada anteriormente nesta coluna.
A quebra da produção da Soja brasileira está estimada em mais de 20 milhões de toneladas, justificada pela ação climática desfavorável, repercutindo nos preços junto a Bolsa de Mercadorias de Chicago – CBOT, que disparou e se aproxima a US$ 16,00 por Bushel (27,27kg), para contrato maio de 2022. Desta forma os preços em reais têm renovado novas máximas. Não fosse a pressão momentânea sobre a taxa cambial já próximo à R$ 5,20, teríamos preços imagináveis por saca da soja. Lembrando que essa pressão se dá pela entrada de Dólares na economia brasileira atraídos pelas altas taxas de juros.
Destacamos como fator negativo o desconforto do sojicultor que fixou os preços futuros para a soja a ser entregue em abril e maio de 2022, contrariando nossos estudos, engordando ainda mais a lucratividade das “Tradins Companies” (companhias de intermediação na importação e exportação). Outro ponto negativo é o efeito irreversível da estiagem que avança rapidamente para a maior tragédia produtiva dos últimos 16 anos, embora que projeções de produtividade absurdas divulgadas por órgãos coorporativos oficiais apontam para um quebra prevista em apenas 50% na região, considerado muito baixo comparado com realidade das lavouras e dos indicies de umidade no solo.
Queremos aqui fazer um parêntese, cuidado com um movimento gráfico de preços fortes em curto período. Sempre reforçamos que em economia o ajuste entre o gráfico que representa a oferta e a demanda se dá no encontro da curva, ponto que chamamos de equilíbrio, no caso a ação do preço. A pergunta que vale milhões é justamente essa, até que preço o comprador esta disposto a desembolsar para ter a soja sem ajustar suas margens? Tudo que sobe muito, também cai muito!
Por fim, para analisar preços de um produto sem substitutos próximos, sempre usaremos a variável renda das pessoas. Neste aspecto nos parece bastante prudente não apostar muito no crescimento econômico mundial e na renda das unidades consumidoras (Famílias). A previsão é que a economia mundial cresça 4% em 2022 e de 3% para 2023, segundo a Organização das Nações Unidas – ONU.
Então mais um alerta de mercado ao se imaginar que os preços da soja continuariam com a tendencial de altas nos preços de forma consistente por um período longo, que pode não se concretizar.