Artigo: O Mercado do Trigo, por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
As tensões entre a Ucrânia e a Rússia atingem seu auge dos últimos anos, com as tropas russas a postos próximas a fronteira entre as duas nações, levantando temores de que Moscou possa iniciar uma invasão nas próximas semanas ou meses.
Com Moscou e Kiev rompendo relações diplomáticas na tarde de segunda-feira (24), após a escalada de tensões no fim de semana, o trigo está trazendo para os preços o risco de guerra.
O acúmulo de tropas russas como uma demonstração de força na fronteira com a Ucrânia, agora está sendo citado por estrategistas como uma das principais ameaças aos mercados globais, embora o presidente Vladimir Putin tenha dito repetidamente que não tem planos de atacar a Ucrânia (segundo agência Bloomberg).
Com a concreta possibilidade de conflito e uma possível interrupção do comércio de trigo no Leste Europeu, os futuros de cereal mais consumido no mundo, atingiu os US$ 8 (Dólares por Bushel) na Bolsa de Mercadorias de Chicago, em meio a preocupações com possíveis interferências russas no mercado e uma escassez mundial do produto.
Dependendo da escala de qualquer ação militar, a produção e exportação de commodities agrícolas ucranianas, incluindo milho e trigo será penalizado, preocupando o mercado internacional e pondo os países integrantes do tratado do Atlântico Norte OTAN, liderados pelos Estados Unidos da América em alerta máximo para uma possível invasão russa.
Principal produtor de trigo na Europa, além da produção de milho e outras forrageiras, a Ucrânia também está vivendo uma safra de inverno ruim, influenciado pela ação do clima seco para a época nas regiões centrais.
O mercado nacional do trigo vive um momento de tranquilidade, os preços se acomodaram descolados momentaneamente do mercado internacional. A oferta ainda é robusta da safra de 2021, absorvidas pela demanda “a conta gota” dentro de suas necessidades, com os processadores do cereal cumprindo suas escalas e aos interesses mercadológicos sem mexer muito nos preços.
Ao que tudo indica os problemas de abastecimento global com o cereal, desencadeiam um consumo mundial maior de milho, que por sua vez disputa espaço nos campos com a soja, que pode determinar logo a frente um incremento nas intenções de plantio de milho no verão do hemisfério norte.
Os produtores nacionais de trigo começam a se preparar para a safra 2022, se deparando com os custos de produção nas alturas, puxados pelo aumento dos insumos no mercado internacional dolarizado. Desta forma o trigo nacional também poderá experimentar uma boa elevação, pela puxada nos preços internacionais e taxa cambial em alta, mas a recomendação é de cautela, avaliando os custos de produção que ainda são maiores que os avanços de preços.
Para o consumidor as noticias parecem não serem muito animadores, com salario mínimo reajustado de forma tímida e a economia em estagnação técnica com inflação, o poder de compra continuará em queda, já os preço dos alimentos, inclusive os derivados do trigo ficarão cada vez mais caros.