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Artigo – É, pois é! O fenômeno do envelhecimento chegou, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.

A economia estuda comportamentos sociais e a inter-relação com o desenvolvimento e a qualidade de vida.

Em carta aberta de Milton Pomar a professores da UFRGS (por ADUFRGS), este manifesta uma pequena reflexão sobre o tema, considerando:

Quanto à prefeitura de seu município colocou no Orçamento 2022 para atendimento especifico as pessoas idosas? Quais serão os recursos oriundos do estado que virão para o município esse ano, para atender as pessoas idosas? Haverá algum recurso federal?

“É disso que se trata”. Sem recursos previstos no Orçamento, não há política pública que venha a acontecer. Sem recursos suficientes e políticas públicas efetivas, como atender 25% ou mais do eleitorado de 388 municípios gaúchos com menos de 20 mil habitantes, que estão com 60 anos de idade ou mais? Como atender também os outros 25% ou mais, que estão na faixa de 45 a 59 anos de idade, para que tenham qualidade de vida na condição de pessoas idosas nos próximos anos?

Trata-se de metade ou mais do eleitorado, da maior parte dos municípios gaúchos, a maioria deles no interior do estado, que precisa de atendimento especializado não apenas na área de saúde, em muitos casos precisa também de um aporte de renda complementar, porque quase toda a aposentadoria de quem vive nos pequenos municípios limita-se a um salário-mínimo, e em tempos de inflação em alta representa muito pouco para atender necessidades básicas.

Quatro exemplos mais recente apurados que demonstram a velocidade do envelhecimento da população gaúcha (últimos dados oficiais divulgados foram do Tribunal Superior Eleitoral, de dezembro de 2021), escolhidos entre municípios de maneira aleatória: Ibirubá, 15.896 eleitoras e eleitores, dos quais 27,47% com 60 anos de idade e mais, e 24,40% na faixa de 45 a 59 anos, pessoas idosas e “chegando lá” são hoje 51,9% do eleitorado; Horizontina: 14.322, com 27,15% de 60 anos e mais, e 26,27% de 45 a 59 anos (total de 53,4%); Ibiraiaras: 5.286, com 29,61% de 60 anos e mais, e 27,36% de 45 a 59 (57%); e Carlos Gomes: 1.360, com 28,46% de 60 anos e mais, e 27,50% de 45 a 59 (56%).

Em 2012, a Fundação de Economia e Estatísticas do Rio Grande do Sul (FEE) divulgou estudo no qual comparava resultados dos censos populacionais de 2000 e 2010 no estado. O estudo alertava que a partir de 2025 a situação se complicaria e em 2030 atingiria patamar difícil de reverter. Alertas que começaram a se confirmar já em 2019, quando a quantidade de crianças e adolescentes foi ultrapassada pela da parcela de população idosa no RS, primeiro estado a ocorrer isso no Brasil.

“É, pois é”. As lideranças principalmente partidárias têm noção do tamanho da encrenca, admitem que “o fenômeno do envelhecimento está chegando”, mas ainda não se animaram a debater o problema, que dirá tomar iniciativas para resolvê-lo.

Falta planejamento social e econômico para propostas inovadoras, revolucionárias até, será preciso mexer nas estruturas atuais, para que se consiga obter o necessário rejuvenescimento populacional e a revitalização da econômica regional, alterando radicalmente a dinâmica viciosa de empobrecimento, envelhecimento e esvaziamento populacional de quase 80% dos municípios e na totalidade municípios agrícolas.

O fato de 2022 de ser um ano eleitoral, o momento desse debate e propostas chegou, é agora e não mais tarde, idosas e idosas não têm tempo a perder. As experiências de outros países (ex. Noruega e Suiça) ajudariam a encontrarmos soluções viáveis para essas questões e contribuindo na qualidade de vida desta população, que afetam direta e indiretamente toda a sociedade e a economia, não apenas a parcela idosa e dos que estão “chegando lá”.

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