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Artigo: Atividade Leiteira, Sensível a Custos, Clima e Consumo, por Alfredo Horing

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  • Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.

A cada análise que fizemos nesta coluna, registramos que a ação do clima tem sido a grande variável que vem afetando negativamente a economia regional. Na cadeia do leite não o será diferente.

Além do impacto no setor de grãos, a cadeia leiteira também registra enormes prejuízos. Um levantamento inicial da Emater-Rs aponta que 1,6 milhão de litros de leite estão deixando de ser captados por dia no Estado do Rio Grande do Sul. 

Os problemas com a atividade começaram a aumentar em 2021, com a crise mundial provocado pela pandemia que impôs uma redução na atividade econômica mundial. A paralisia da economia mundial foi amenizada em partes pela ação dos governos centrais em propor politicas sócias econômicas para distribuição de renda a milhões de pessoas, porém limitadas.

No Brasil o Auxílio Emergencial, conseguiu manter o consumo de lácteos para uma parcela da população mais afetada pela crise “os desempregados”, não conseguindo manter margens positivas ao produtor de leite. 

Dados do CEPEA/Leite indicam que de janeiro a dezembro de 2021, a média do preço ao produtor foi de R$ 2,2481/litro, 15,5% acima da verificada em 2020, em termos reais. Já quando considerado o acumulado do ano (de dezembro/20 a dezembro/21), observa-se queda real de 8,7% no valor ao produtor, evidenciando o forte movimento de baixa neste último trimestre de 2021, devido ao enfraquecimento da demanda e o aumento dos preços dos insumos básicos com a desvalorização do Real frente ao Dólar.

Dados da CNA apontam para aumentos de 100% destes custos só em 2021. Preços da ureia, do MAP (fosfato monoamônico) e do KCL (cloreto de potássio) subiram 70,1%, 74,8% e 152,6%, respectivamente e o óleo Diesel aumentou mais de 50%.

A expectativa de preços para o leite em 2022 é de preços estáveis, com os insumos em alta e o custo financeiro elevado, pressionam ainda mais as margens de lucratividade ao produtor. Em curto prazo o preço se mantém nos patamares atuais e até pequenos aumentos possam acontecer frente à oferta menor vinda da produção do Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul, mas o “diagnóstico conjuntural desfavorável ao produtor”.

A atividade leiteira no Estado do Rio Grande do Sul vem em queda, estima-se que na região norte e noroeste do Estado cerda de 50% das famílias que produziam o leite paralisaram suas atividades. E a dificuldade só aumenta, além dos preços que não cobrem os investimentos no setor, a estiagem diminui a oferta de volumosos ao rebanho necessitando o uso maior de concentrados, elevando ainda mais os custos.

 Precisamos registrar que o preço do concentrado produzido à base de proteínas vegetais será atingido pela quebra de safras de grãos motivada também pela ação climática, repercutindo nos custos de produção finais mais elevados a médio e longo prazo. 

Diante do contexto, o memento é de cautela entre os produtores, os investimentos devem ser muito bem maximizados, a redução dos custos de produção deve estar na agenda da propriedade. Urgente também se faz politicas públicas que possam amenizar a situação enfrentada pelos produtores de leite (linhas de créditos emergenciais a taxas equalizadas, renegociação de dividas e declaração de situação de emergência completo que venha mitigar as perdas do setor). Os mecanismos utilizados somente nos slogans de campanhas eleitorais precisam se transformar a médio e longo prazo em programas concretos e palpáveis no fomento a produção de leite.

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