Artigo: Economia brasileira em 2022 e seu bolso, por Alfreto Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
A recuperação econômica ocorrida em 2021 está desacelerando por conta de incertezas fiscais e no campo político que foram preocupantes ao longo do ano. A inflação, encerrando o ano acima dos 10% e a alta taxa de desemprego, com perda considerável na renda real também contribuíram.
O ano de 2022 será impactado pela política monetária mais restritiva aqui no Brasil e no mundo para conter a inflação que está alta mundialmente. Os juros mais caros inibem o crédito e o consumo de bens imóveis, eletrodomésticos e veículos.
A desoneração da folha de pagamento editada por uma medida provisória pelo governo federal é lida pelo mercado financeiro, como medida necessária para conter demissões e promover novas contratações, para um desemprego que atinge mais de 12 milhões de brasileiros. Por outro lado, ao isentar a obrigatoriedade da contribuição previdenciária de 20% sobre a folha dos empregados, para uma taxa de 1 a 4% sobre o faturamento da receita bruta, abre um rombo nas contas do governo, que dificilmente serão compensadas.
A previsão para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2022 é de 5,02%, abaixo do IPCA de 2021, que fechou acumulado em 10,42%, o maior acumulado de um ano desde 2015 (10,41%).
Já em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) as projeções foram reduzidas, para 0,51%, que indica uma recessão técnica.
A projeção para a taxa de juros SELIC 2022, indicada pelo Banco Central ficara acima de 11,25% ao ano, medida restritiva que encarece o crédito individual, agrícolas, pessoal e das empresas. Por outro lado, para o poupador vem favorecer a manutenção de sua carteira.
Preço alto do petróleo que puxou a inflação de 2021 pode estar com seu ciclo em exaustão, ou seja, se prevê a manutenção dos preços atuais acalmando o mercado, porém mesmo que ocorram investimentos e o aumento da produção da OPEP – Organização dos Países Produtores de Petróleo e parceiros, a tendência é da manutenção dos preços atuais pelo crescimento do consumo mundial pós-pandemia.
Já para os preços das commodities agrícolas, tão importantes para a região, projeta-se uma estabilização de preços, à medida que passe a haver condições de abastecimento satisfatórias, porém com um abastecimento ao limite da produção, causado por alguma interferência como o clima, pode deixar esse mercado muito nervoso e volátil, buscando valores em reais jamais vistos. Um estopim para aumento de preços e inflação.
Não se espera muito para ativar o crescimento da economia brasileira em 2002, no que depender das medidas lançadas até o presente momento pelo governo federal, como o Auxilio Brasil e a revisão do salário mínimo nacional. O Auxilio pagará R$ 400,00 aos cadastrados nos programas do governo, já o IPC foi o índice usado para a revisão do salário mínimo em 10%, que passou a ser de 1.212,00. Para os especialistas as medidas são necessárias para frear a fome no país, mas medidas mais contundentes, na área fiscal e nos cortes de gastos com a máquina pública poderão fazer parte de uma agenda saudável ao país.
Que não podemos deixar de registrar é a voracidade da arrecadação da máquina pública, no que se refere aos indicies usados para os aumentos das taxas, contribuições e impostos. E nessa lista entra o imposto dos veículos automotores no RS, com uma variação acima de 20% pelo valor da FIPE. Lembrando que a receita do IPVA é repartida em 50% do Estado e 50% dos Municípios. Já para quem paga o IPTU em Municípios que tem o fator de atualização previsto em lei pelo IGP-M, o acumulado do ano chegou aos 17,89%. Então prepare seu bolso.