Artigo – Ameaças climáticas, rumo dos preços da soja, por Alfredo Horing

- Alfredo Horing, natural de Nova Ramada, é economista, especialista em Plano Diretor e possui MBA em Gerenciamento de Projetos.
Na reta final de 2021, o mercado da soja olha para o clima na América do Sul, o abastecimento mundial está no limite entre a oferta e demanda. No hemisfério sul cerda de 63 milhões de hectares de soja está sob algum risco climático, representando algo de 209 milhões de toneladas.
Segundo o Departamento Americano de Agricultura – USDA, no Brasil a colheita de soja ficara em 144 milhões de toneladas, a maior produção de um país que esse planeta já viu, representando 69% da estimativa da América do Sul, com um clima totalmente indefinido e outros 23% estão na Argentina, que também tem uma indefinição do clima e ainda está mergulhado em uma enorme crise econômica, politica e social, sendo os Hermanos responsáveis pelo abastecimento de 40% da produção mundial de óleo e farelo de soja.
O USDA tentou cortar a escalada de preços com relatórios de oferta e demanda divulgado até o final de novembro, mas nos campos que se percebe é que a ação do clima adverso fará ajuste de preços de forma natural, a previsão que aconteças mudanças já nos próximos relatórios.
No lado da demanda, que se vê é um mercado consistente e comprador, nos 12 primeiros dias de dezembro o Brasil exportou 1,150 milhões de toneladas da soja, superando anos anteriores. Com esse apetite do comprador, o Brasil fecha o ano com 86.7 milhões de toneladas de soja exportada. Ritmo acelerado também na indústria brasileira, que exportou neste período 710 mil toneladas de farelo, totalizando no ano 17,5 milhões de toneladas.
Com esse contexto apresentado, fica claro que tudo ainda é uma incógnita e minguem vai dormir em paz enquanto o clima colocar verdadeira ameaça à produção. Na mesma data do ano passado, o sul do Brasil estava pintado de verde, ou seja, quando a umidade do solo está acima de 60%. Hoje a historia é outra, o verde só aparece no leste de Santa Catarina, demais áreas cresce a cor laranja caracterizado por 30% de umidade no solo. Áreas secas também crescem no Paraná onde o vermelho, ou seja, 20% da umidade do solo, já cobre todo o oeste do estado, assim como áreas do
oeste de São Paulo e no Matogrosso do Sul, onde a situação é considerada pior que ano anterior.
Os próximos 60 dias serão definitivos para a mensurar o tamanho da produção de soja na América do Sul e para que isso ocorra dentro das expectativas previstas pelo USDA, necessário o retorno regular das chuvas, e de outro lado à diminuição do excesso de chuvas que já vem preocupam produtores de Minas Gerais, Bahia e parte do Mato Grosso.
Se for concretizando estes impactos climáticos que de alguma forma já afetam a produção, o estudo aponta para uma mudança nos rumos de preços da soja. Todavia, para o sojicultor da região que vem sentindo literalmente na pele a escassez hídrica, produzir em maior quantidade sempre será a melhor possibilidade, os investimentos efetuados são para altas produtividades, raramente os preços compensariam eventuais quedas drásticas na produção.