Pela primeira vez, RS tem bandeira preta no mapa do distanciamento controlado
Regiões de Bagé e Pelotas foram classificadas com risco altíssimo para o coronavírus. Das outras 19, apenas Cruz Alta está em bandeira laranja; outras 18 estão em bandeira vermelha.
Pela primeira vez desde a implementação do modelo de distanciamento controlado, o Rio Grande do Sul tem regiões em bandeira preta. Nesta sexta-feira (11), Bagé e Pelotas foram classificadas como de alto risco epidemiológico para a Covid-19 no mapa preliminar.
A constante redução de leitos de UTI livres e o aumento de casos de contágio e de internação por coronavírus resultaram na classificação. As demais regiões estão quase todas em bandeira vermelha, exceto Cruz Alta, que está em bandeira laranja.
O estado teve aumento em quase todos os indicadores monitorados pelo comitê de crise do governo. Houve elevação, nos últimos sete dias, de 14% em hospitalizações por Covid-19 (de 1.174 para 1.338 casos), o maior número desde o início do monitoramento.
Também é o número mais elevado de pacientes em UTI, em leitos clínicos e de óbitos. As mortes cresceram 15% nesta semana, chegando a 409 registros. Como resultado, há o menor número de leitos livres (407).
Municípios e associações podem enviar pedidos de reconsideração até as 6h de domingo (13). Depois de analisados, o governo divulgará as bandeiras definitivas na segunda (14) e fica vigente de 15 a 21 de dezembro.
O que muda com a bandeira preta
A bandeira preta não signfica lockdown, ou o fechamento geral das atividades. Porém, estabelece uma série de medidas mais restritivas a fim de evitar a disseminação do vírus.
Entre os protocolos de bandeira preta que as cidades nessas regiões devem adotar estão:
- Comércio não essencial – fechado
- Comércio atacadista e varejista – 25% trabalhadores
- Comércio varejista de produtos alimentícios (mercados, açougues, fruteiras, padarias e similares) e combustíveis – 50% trabalhadores
- Educação – ensino remoto
- Serviços de construção, obras de infraestrutura e indústria de alimentos – 75% trabalhadores
- Indústria de bebidas – 50% trabalhadores
- Indústria de fumo, vestuário, calçados e similares – 25% trabalhadores
- Transporte coletivo – 50% trabalhadores
- Feiras, exposições, festas, academias, piscinas, clubes sociais e esportivos, competições esportivas, pet shops, barbearias e salões de beleza – fechado
- Missas – 25% trabalhadores, sem presença de público
- Restaurantes – tele-entrega e pegue e leve
Razões da piora na Zona Sul
As regiões de Bagé e Pelotas, conhecidas como Macrorregião Sul, compreendem 28 municípios com 9,3% da população gaúcha.
Em relação ao número de óbitos, Pelotas é a mais expressiva, registrando 41 mortes confirmadas por Covid-19 nesta semana, quase o dobro se comparado com a semana passada (23 óbitos). Bagé registrou mais 10 mortes nesta semana, o mesmo indicador da rodada anterior. Contudo, quintuplicou os registros na comparação com a semana retrasada, quando houve duas mortes.
Enquanto na 26ª rodada, um mês e meio atrás, foram 22 registros, na atual, são 87. De forma similar, Bagé apresenta aumento desde a 28ª semana, um mês atrás, quando houve cinco hospitalizações – nesta, foram 23.
A macrorregião Sul registrou também aumento em termos de ocupação de leitos de UTI, tanto para casos de Covid-19 (de 38 para 50) como por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), de 54 para 74.
Com isso, houve redução de 50% na oferta de leitos livres para tratamento intensivo na região, que agora está com 15 unidades – na semana anterior eram 30 e, na retrasada, 35.
Ainda para a macrorregião Sul, o indicador relacionado à capacidade de atendimento piorou no comparativo entre as semanas. O percentual de pacientes confirmados para Covid-19 em leitos de UTI, com relação aos leitos livres, aumentou novamente. Enquanto na semana passada havia 0,79 leito de UTI livre para cada leito de UTI ocupado por paciente Covid-19, nesta semana o indicador passou para 0,30 – número mais baixo entre todas as macrorregiões e da série histórica de todo o modelo.