Saúde

Reinfecção por coronavírus: veja o que se sabe sobre pacientes contaminados pela 2ª vez

Para confirmar que a Covid-19 voltou, é preciso sequenciar o genoma do vírus. Especialistas explicam que os casos de reinfecção são raríssimos entre as mais de 56 milhões de pessoas já contaminadas no mundo.

Casos de pessoas infectadas pela segunda vez pelo novo coronavírus existem, mas são raros, e a ciência ainda não definiu com qual frequência eles ocorrem.

No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que não há reinfecções confirmadas, apesar de relatos como o que envolve integrantes da delegação do Palmeiras e de outros casos sob investigação.

Abaixo, em tópicos, o G1 reúne o que as pesquisas e as diretrizes mais recentes dos órgãos de saúde apontam sobre o tema.

  1. O que é a reinfecção?
  2. O que é preciso para atestar um caso de reinfecção?
  3. A reinfecção é comum apenas para o Sars-Cov-2?
  4. Dois testes positivos são suficientes para atestar a reinfecção?
  5. Quais os casos de reinfecção confirmados pelo mundo?
  6. Há casos de reinfecção confirmados no Brasil?

Veja abaixo os tópicos:

1 – O que é a reinfecção?

A reinfecção acontece quando a pessoa se recupera da Covid-19 e tempos depois ela adoece novamente. Para confirmar a recontaminação, é preciso provar que o código genético do primeiro vírus é diferente do segundo. O código genético é como se fosse uma impressão digital do vírus.

“Você só pode considerar de fato reinfecção quando você tem o sequenciamento das amostras dos dois vírus da infecção”, diz a epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin, Denise Garrett.

2 – O que define um caso de reinfecção?

No fim de outubro, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica com regras para a definição de casos suspeitos de reinfecção. Para que isso seja caracterizado, o indivíduo precisará de dois resultados positivos de RT-PCR, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios, independentemente da condição clínica. O outro ponto é a conservação adequada das amostras.

“A reinfecção por cepas homólogas é uma possibilidade, mas no atual cenário, e em virtude do conhecimento de que o SARS-CoV-2 pode provocar eventualmente infecções por períodos prolongados de alguns meses, faz-se necessário determinar critérios de confirmação, como sequenciamento genômico, para comprovação de que se tratam de infecções em episódios diversos, por cepas virais diferentes”, diz a nota.

3 – A reinfecção é comum apenas para o Sars-Cov-2?

Denise Garrett diz que os casos de reinfecção já eram conhecidos entre pacientes infectados por outros coronavírus comuns. Vírus que causam infecções das vias respiratórias, como a Covid-19, podem ocorrer duas ou mais vezes.

4 – Dois testes positivos são suficientes para atestar a reinfecção?

A imunologista e professora da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da USP, Ester Sabino, explica que o teste RT-PCR (teste que coleta o material da garganta e do nariz do paciente com um cotonete) positivo duas vezes não indica a reinfecção.

“Nós sabemos que reinfecção acontece, mas a ciência não conseguiu definir com qual frequência ela acontece. Os estudos usam métodos complexos para comprovar a reinfecção. É preciso sequenciar os vírus e eles precisam ser de cepas diferentes” – Ester Sabino, imunologista

Confirmar reinfecções acaba sendo difícil porque, na maioria das vezes, os cientistas não sabem o código genético do vírus que contaminou a pessoa pela primeira vez, para, então, compará-lo com o código do segundo vírus.

“Para provar a reinfecção precisamos sequenciar o genoma do vírus. Esse teste é complicado, especializado. Por isso, é raro conseguir provar que é uma reinfecção”, explica Garrett.

“É difícil separar os casos de pessoas que ficam com o PCR positivo prolongado, de pessoas que ficaram com o vírus e ele reapareceu, ou se realmente a pessoa pegou de novo”, completa Sabino.

5 – Quais os casos de reinfecção confirmados pelo mundo?

Atualmente, o mundo tem 25 relatos de reinfecção por SARS-CoV-2 comprovados por sequenciamento. Os dados são de um rastreador mantido pela agência de notícias holandesa BNO News.

O primeiro caso confirmado de reinfecção foi notificado em Hong Kong no final de agosto. Na época, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a reinfecção é possível, mas pediu cautela ao considerar as informações sobre os casos.

A reinfecção em Hong Kong foi publicada em uma revista científica. Os pesquisadores testaram o código genético do vírus e descobriram que o vírus da segunda infecção pertencia a uma linhagem diferente da primeira. Ao ser contaminado pela primeira vez, o paciente, um homem de 33 anos, teve apenas sintomas leves; na segunda vez, nenhum sintoma.

Outro estudo de reinfecção publicado em revista científica foi o de um americano de 25 anos. Ele foi infectado em dois momentos, em um intervalo de 48 dias.

Em outubro, uma mulher holandesa de 89 anos que lutava contra um câncer morreu após ser infectada pela segunda vez. O relatório do caso foi divulgado por um grupo da Universidade de Maastricht.

6 – Há casos de reinfecção confirmados no Brasil?

O Ministério da Saúde diz que ainda não há casos confirmados no país. “Os supostos casos de reinfecção estão sendo acompanhados pelo Ministério da Saúde, com apoio de especialistas dos Laboratórios de Referência Nacional (Fiocruz, Instituto Adolfo Lutz e Instituto Evandro Chagas)”, informou o Ministério da Saúde em nota.

No Brasil, vários casos de possíveis reinfecções são investigados. Em agosto, um estudo da Universidade de São Paulo conduzido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto confirmou a possibilidade de recontaminação.

Os pesquisadores identificaram a recorrência da doença em uma técnica de enfermagem de 24 anos, que testou positivo duas vezes no intervalo de 50 dias. A pesquisa foi publicada em uma revista científica em setembro.

Fonte
G1
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