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Artigo – Jean Bertollo: Quando não dói o suficiente, não mudamos

Temos uma coisa em nós: nos acostumamos. Acho que nós nos acostumamos com quase tudo, contanto que as coisas mudem devagar.

É difícil enxergar comportamentos em nós. Nos outros é bastante fácil, basta olharmos uma pessoa por dias e podemos descrever muitos dos seus hábitos e Defeitos.

Porém, quando se trata de nós mesmos, nosso comportamento é um tanto estrangeiro pra nós. Tanto é que, se alguém lhe aponta um defeito, você logo encontra uma boa desculpa pra ele, não é mesmo?

Como não conseguimos ver nossos comportamentos com tanta clareza, não mudamos. Não conseguimos ver a temperatura da panela aumentando, então permanecemos nela.

Vamos permanecendo sentados na grande panela que se chama vida, e vamos, dia após dia, vivendo em temperaturas cada vez menos habitáveis. Afinal de contas, não está tão diferente de ontem, e de antes de ontem…

Então as coisas vão piorando dia após dia, semana após semana, ano após ano. Quando paramos pra observar aí então é que vemos como estamos cozinhando.

Aí então é que vemos o estrago que o tempo e a mudança lenta nos causaram. Aí é que percebemos que somos um sapo cozinhando em água quente. E cada vez mais quente.

Mas então alguma pessoa do nosso lado sai da panela. Ela não aguenta mais, está exausta, diz que há tempos percebia que algo estava errado, mas não sabia direito o que era. Ela sai e vê a panela e vê toda aquela lenha, com toda aquela fumaça e diz “nossa, como eu consegui ficar aí por tanto tempo?”

Quando essa pessoa diz isso, sentimos que nossa água está meio quente, sim. Está desse modo há algum tempinho. E nós também notamos que algo estava errado. Engraçado, sabe, mas também não sabíamos o que era. Mas agora que levantamos do caldeirão, também vemos o fogo lá embaixo. “Nossa, que calor está aqui” pensamos. “Eu iria morrer se permanecesse assim por muito tempo”.

E assim acontece com tudo, todo o tempo. É preciso que alguém nos mostre que estamos cozinhando vivos, é preciso que alguém nos mostre que podemos levantar da panela, é preciso que alguém nos mostre a urgência de mudar.

Os maus hábitos, as brigas conjugais, fazer somente o mínimo no nosso trabalho: vamos construindo nossas panelas, e vamos deixando com que elas nos matem lentamente.

Olhe para o seu passado, que coisas que hoje você acha tão normal não estavam lá? Que vícios você tem alimentado pouco a pouco, dia após dia, até se tornar parte de sua identidade? Que desculpas se tornaram rotina? Quais erros se tornaram a coisa normal a fazer? Quais são as panelas nas quais você vem cozinhando e nem percebe?

 

[our_team image=”//ajuricaba.com/wp-content/uploads/2019/01/Jean-Bertollo-sobre.jpg” email=” jeann1984@hotmail.com” phone=”(055) 9-9147-8099″  style=”vertical”]Jean Alessandro Bertollo nasceu em 1990, formou-se em Psicologia pela Unijuí em 2018, concurseiro e amante dos estudos. Interessado em comportamento humano, psicologia aplicada ao trabalho e gestão e aprimoramento pessoal, aprendizagem e cognição. Escreve semanalmente para Folha de Ajuricaba, Jornal Ramadense e Ajuricaba.com
//medium.com/psicologiadocotidiano[/our_team]

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