Educação

Aluna do Colégio Comendador fica em 1º lugar em Concurso Fotográfico

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A aluna Carla Torquetti, do Ensino Médio do Colégio Comendador, ficou em 1º lugar em concurso fotográfico promovido pela Unijuí.

O concurso, denominado Olhares que contam histórias, foi organizado através do Projeto de Extensão Rádio Empreendedorismo e tecnologias do Curso de Comunicação Social e teve como objetivo divulgar o trabalho que o Projeto Rádio na Escola (Parceria entre a 36ª CRE e a Unijuí) vem desenvolvendo.

Dividido em três categorias (Meio Ambiente, Livre e Arquitetura),   cada aluno poderia participar em apenas uma delas. Para tal, era necessário que fosse escrita uma pequena história acompanhada de cinco fotos relacionadas à categoria escolhida.

A aluna Carla ficou em 1º lugar na Categoria Meio Ambiente.

Confira as fotos e o texto da aluna Carla.

Fotos de Carla Torquetti para o concurso
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A ARTE DE ALIMENTAR

Já passava das seis da tarde, o sol já ia se pondo no horizonte, me sentia cansada, pois o dia letivo havia sido longo. Estava quente, sentia meus cabelos úmidos, aquele mormaço me incomodava, estava inquieta. Peguei meu livro com o intuito de relaxar e me deixar levar por Érico Veríssimo e suas tramas; mas eu lia as palavras automaticamente, formando frases aleatórias que não entendia de fato. As linhas iam passando por minha visão, e eu não via realmente algo concreto, estranhei por aquele enredo que tanto gostava, não conseguir me prender. Insatisfeita e inquieta, precisava de algo pra me distrair. Guardei o livro, e meus dedos imediatamente foram de encontro aos meus fones, coloquei-os, e deixei-me embalar aos acordes. Santo remédio, a música caíra como uma luva, o ritmo me trazia um suave gosto de calmaria. No embalo de boas vozes, já me sentido mais calma, fitei os campos que se estendiam à fora do ônibus, agora de um verde vivo, se faziam paisagens para belos quadros.

Deduzi ao ver a soja já bem cachada, que não demoraria para que começassem a secar as folhas da planta. Logo, já estariam aí os preparativos para a colheita. Ah, a colheita, lembrei-me de quando essa palavra não me passava de diversão, afinal, subir no caminhão e enterrar-se em meio a tantos grãos tinha mesmo um gosto divertido. Aquilo tinha um sabor de infância no interior, eram tempos em que a minha percepção tomada sobre o assunto era muito mais simples, agora, ao pensar em safra, eu já associava a tantas outras coisas, números, valores, climas…

Lembrei-me de tantas safras que eu vi meu pai passar, levantando bem cedo e voltando bem depois que os raios de luz do sol tinham dito tchau. Recordei-me de várias delas que o vi agoniado, preocupado, até mesmo perdendo o sono por causa de resultados ruins, vindos de estiagens, pestes, chuvas em excesso; assim como lembrei-me de várias outras que o vi contente com a produção e com a qualidade. Senti orgulho dele, por nunca ter desistido dessa rude profissão, mesmo tendo passado por tantos ´perrengues´ que a agricultura lhe apresentou.

De repente, percebi que esse orgulho não era só dele, mas de todo aquele que com raça bate a mão no peito, e com amor pode dizer, “ eu sou agricultor”. Senti-me grata por ter recebido a oportunidade de conhecer de perto essa linda e desafiadora profissão, que para mim, podia muito bem ser considerada uma arte.

Mas como assim arte? Bom, acordar antes do sol e passar o dia na ‘lida’, fazendo tantas coisas por amor, e fazendo da melhor maneira possível, com o intuito de alimentar tanta gente, assumindo diariamente essa responsabilidade, no meu ver, pode sim ser uma arte, assim como tudo que é feito com paixão e dedicação. Novamente fui tomada por uma sensação de orgulho, orgulho daqueles homens e daquelas mulheres, que enfrentam o árduo trabalho que a agricultura traz, de sol a sol, ou de chuva a chuva, sem muitas pausas e descansos em tantos domingos, e na maioria dos feriados; e orgulho por essas pessoas, que não trabalham apenas para pôr alimento em sua própria mesa, mas na mesa de toda a população.

Fitei o céu que agora estava tomado de um tom alaranjado, senti que ali, naqueles campos e naquele pedacinho de mundo, o ar era melhor, as cores mais vivas, os sons mais puros. Aquele era um lindo entardecer. Vi-me a analisar novamente algo que meus pensamentos faziam-me refletir, era sobre aquele mesmo entardecer, ali mesmo, que diariamente, tantos agricultores, separados entre si, mas unidos por mesma função e causa, se responsabilizavam de puxar uma nação como a nossa, demasiadamente agrícola, assim como antigamente, o cavalo era incumbido de arrastar a carroça. Vi, que ali, naqueles e longos outros campos, que se perdiam de vista, encontrava-se a base de todo um país.

Cada um do seu jeito, seja com uma agricultura familiar, de pequeno porte, ou uma agricultura demasiada grande, cada um deles, tinha sobre si a responsabilidade e a dedicação de alimentar tantas famílias.

Há lembranças muito especiais, como uma, que agora vinha-me a mente, que passara-se já há anos, quando abaixo de uma caneleira, com sua cuia na mão, meu avô disse-me tempos antes de partir, “é minha filha, como dizem, se o campo não planta, a cidade não janta”, aquelas eram palavras carregadas de sabedoria de alguém que há mais de oitenta anos tinha o amor pela agricultura, alguém que há tanto tempo cultivava a linda arte de alimentar.

Com os olhos cheios d’água, despertei de meus pensamentos quando percebi que já estava chegando em casa. Estava me sentindo contente e grata pelas lembranças que relembrei naquela tardinha. A porta do ônibus abriu-se e eu desci. Quando levantei meu olhar do chão, avistei meu pai, ainda cuidando de seus afazeres, sorri, eu tinha orgulho dele, da profissão dele. Eu tinha orgulho do que chamamos de agricultura.

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