Câncer irá superar coração como maior causa de morte

Se as políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento do câncer não forem aprimoradas, a doença se tornará a principal causa de mortalidade no Rio Grande do Sul, superando as doenças cardiovasculares, como enfarte e AVC. O alerta é do presidente da Aliança Pesquisa Clínica Brasil e médico coordenador do Centro de Alta Complexidade em Oncologia Clínica (Cacon) do Hospital de Caridade de Ijuí, Fábio Franke. “Os dados divulgados são muito preocupantes. O nosso país ainda se apresenta na curva de ascensão tanto na incidência de novos casos como na mortalidade por câncer. Os dados mostram que o câncer vai ser a doença que mais vai causar morte no Rio Grande do Sul já este ano, ultrapassando as doenças cardiovasculares, e ressalta ainda que temos muito que avançar em prevenção, pois é ela que vai reduzir o número de casos e de mortes”, explica.
Na última semana o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou uma pesquisa que aponta que 1,2 milhão de novos casos da doença devem surgir no país entre 2018 e 2019. Só neste ano, a estimativa é que surjam 582 mil novos casos – 300 mil em homens e 282 mil em mulheres.
Ele informa que em cada 10 casos, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam. A prática de exercícios físicos, alimentação saudável e abstinência de álcool e cigarros foram indicadas como as principais atitudes a serem tomadas para diminuir as chances de desenvolver a doença, de forma geral. Estar acima do peso, o que geralmente acontece com quem não tem esses hábitos, aumenta o risco de dez tipos de tumores: de intestino, mama, útero, ovário, pâncreas, esôfago, rim, fígado, próstata avançado e vesícula biliar. Já o consumo de álcool, em qualquer quantidade, está fortemente ligado aos cânceres de mama, intestino, fígado, esôfago, boca, faringe e laringe – os últimos três também são comuns em fumantes, assim como os carcinomas de pulmão.
“No caso do homem, o câncer de próstata, no caso da mulher, o câncer de mama, são tipos de câncer ligados ao aumento do tempo de vida, ligados a questões de envelhecimento, alterações hormonais, ligados a funções reprodutivas, obesidade, sedentarismo, são características da vida mais urbana”, afirma.
Segundo ele, um dos maiores desafios na luta contra a doença resume-se a uma palavra: prevenção. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura chegam a 95%. Desafio que passa por conscientização e, principalmente, pelo acesso à informação e à saúde. “Hoje o Cacon trabalha com três pilares, sendo eles: o tratamento e o desenvolvimento de novas técnicas, o diagnóstico precoce e a prevenção. No caso da prevenção, ela tem que alcançar as escolas e a rede pública de saúde básica, com ações no combate ao tabagismo, vacinação contra o HPV, combate ao sedentarismo e a obesidade”, explica Franke.
As informações são do Jornal da Manhã.