Saúde

Primeiro Seminário de Plantas Medicinais é realizado em Ajuricaba

O 1º Seminário Municipal de Plantas Medicinais realizado, na quarta-feira (6 de dezembro) em Ajuricaba, mostrou avanços no Rio Grande do Sul com pesquisas sobre plantas medicinais. O evento, organizado pelo Grupo de Estudos em Plantas Bioativas de Ajuricaba foi realizado no Centro de Convivência e reuniu pesquisadores, profissionais da área da saúde, gestores públicos, agricultores, extensionistas rurais, usuários e movimentos sociais de doze municípios.

A farmacêutica e doutora em Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Christiane Colet, apresentou oito trabalhos científicos desenvolvidos pelo grupo de estudos em plantas medicinais da universidade. Por meio de entrevistas com usuários e testes feitos em laboratório, os pesquisadores investigam, por exemplo, a eficácia da amora branca na redução de efeitos indesejados na menopausa.

A pesquisadora da Unijuí também mostrou resultados satisfatórios com o uso de gel feito com tansagem na cicatrização de feridas cirúrgicas em cães, além de testes com extrato e óleo de plantas no controle do carrapato e mastite em bovinos. Christiane destacou ainda pesquisas com florais no controle de doenças como depressão. “A partir das plantas surge um mundo de possibilidades”, disse ela.

O pós-doutor em biologia molecular da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), Diego Pascoal Golle, disse que os pesquisadores têm “a possibilidade de contribuir no âmbito da saúde, mas também temos a responsabilidade de reduzir os equívocos que ocorrem no uso das plantas”.

A Unicruz faz, atualmente, pesquisas junto ao Polo Tecnológico do Alto Jacuí, com sede no campus da universidade. No local, pesquisadores e estudantes avaliam cultivos em campo e biotecnológico, além de fazerem estudos sobre os princípios ativos de plantas medicinais.

 

Mercado

O mercado de plantas medicinais movimenta anualmente 22 bilhões de dólares. O Brasil, no entanto, fica com uma fatia menor desse montante, algo em torno de 500 milhões de dólares. “É pouco”, disse a engenheira agrônoma da Unicruz, Jana Koefender.

O gerente regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, Carlos Turra, também vislumbra a inserção de agricultores familiares neste mercado. “Temos de olhar para frente, agregar valor, gerar renda, quem sabe, consolidando a comercialização”, disse Turra.

 

Experiência

Outro ponto importante do Seminário foi a apresentação da trajetória de criação e consolidação do Grupo de Estudos em Plantas Bioativas de Ajuricaba, em março de 2013. Fazem parte desse Grupo agentes municipais de Saúde, Pastoral da Saúde, agricultores familiares, Apae, Emater/RS-Ascar e secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Agricultura e Obras.

Durante o Seminário, essa experiência foi relatada pela agente comunitária de Saúde, Elenara Siqueira, farmacêutica da prefeitura, Cláudia Pinno, secretária municipal de Saúde, Tarciana Moraski, e extensionista da Emater/RS-Ascar, Eliane Righi. Ao todo, somaram-se 175 participantes do seminário durante a quarta-feira.

O prefeito comemorou o avanço do trabalho. “A vida pra nós é um paraíso, quando cuidamos desse paraíso, estamos cuidando de nós mesmos”, disse Ivan Chagas.

Também participaram do Seminário a presidenta da Câmara Municipal de Vereadores, Clarice Ottonelli, representante do Comitê Regional das Práticas Integrativas e Complementares da 17ª Coordenadoria Regional de Saúde, Neide Maristela Dürcks, e presidente do Conselho Municipal de Saúde, César Kahl. À frente da coordenação dos trabalhos esteve a assistente técnica regional Social da Emater/RS-Ascar, Silvana Canova Ritterbusch.

 

Inspiração

O exemplo de Ajuricaba tem servido de inspiração para a área da saúde pública brasileira. Em 2015, graças a um projeto elaborado pela farmacêutica da Secretaria Municipal da Saúde, o Ministério da Saúde destinou R$ 52 mil ao município. Com o recurso foi possível comprar equipamentos, capacitar agentes de saúde e construir um horto de plantas bioativas.

“O projeto previa que se disponibilizasse à população droga vegetal seca – malva, melissa, maracujá, calêndula e camomila -, e um fitoterápico, a castanha da índia, em cápsula”, explicou a farmacêutica Cláudia Pinno.

Com receita médica, os cidadãos de Ajuricaba encontram esses medicamentos na farmácia da prefeitura. “O importante é fazer isso chegar na ponta, no usuário”, disse a extensionista da Emater/RS-Ascar, Eliane Righi.

Preocupados em dar continuidade ao trabalho, o Grupo de Estudos em Plantas Bioativas motivou os vereadores a criarem uma lei que garanta às gerações futuras o acesso a esses medicamentos. A lei municipal que institui a política intersetorial de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos foi aprovada em dezembro do ano passado.

 

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