Artigo: Família, o alicerce da sociedade

Quando falamos em família, podemos fazer um resgate e relembrar as diversas configurações familiares que a história já presenciou.
Houve um tempo em que ela abrigava diversas pessoas com o mesmo laço sanguíneo (primos, tios, cunhados), além de duas ou mais gerações (avôs, bisavôs). Há pouco tempo atrás, se tornou reduzida e era composta por pai, mãe e filhos. Atualmente, se compõe por mãe e filhos, pai e filhos, avó e netos ou outra configuração diferente da anterior.
O que não mudou neste percurso do tempo é o papel da família como o alicerce da sociedade. É no seu interior que o sujeito encontra o limite necessário para a vivência e convivência com os outros.
Na família a criança vai reconhecer que existe um outro que lhe limita e que, portanto, vai lhe oferecer resistência ao impulso de controlar a realidade e obter tudo o que deseja, como quer e na hora que quer.
O primeiro limite vai ser a mãe, que não poderá estar o tempo todo quando o bebê solicitar. O segundo limite é a presença paterna, que vai dizer ao bebê que a mãe não é dele, mas do papai. A raiva que o bebê sentirá desse competidor é o que Freud chamou de Complexo de Édipo, ou seja, a rivalidade do bebê com o pai.
Não poder satisfazer os seus caprichos e todos os seus desejos é a frustração maior do ser humano. Diante disso, terá de aceitar a presença do outro e respeitar-lhe o espaço. São essas atitudes que, na passagem da história, promoveu a mudança do mundo instintivo e primitivo para a cultura e a civilização. Para a psicanálise, a frustração dos instintos é a base da aquisição do pensamento e da linguagem.
Sendo o lugar do limite, a família também é o lugar do amor. É na família que toda a vida humana é acolhida e precisa se sentir amada, protegida, cuidada, sob o risco de crescer um ser humano com grandes dificuldades de amar e se interessar pelos outros.
Na dialética de amor e frustração, liberdade e responsabilidade, forjam-se pessoas umas maduras, aptas a amar e sentir-se parte de uma totalidade chamada de corpo social.