Por Padre Eliseu: Entre o tédio e a ansiedade

Eu sei que aquilo que vou dizer é limitado. A realidade é mais complexa. Não é tão simples como vou afirmar. É uma hipótese não testada cientificamente. A geração atual está dividida entre aqueles que estão ansiosos e os que estão entediados. Tédio e Ansiedade são os sintomas da contemporaneidade.
Os ansiosos são aqueles que experimentam o mundo na sua constante mudança. Aceitam desafios. São proativos. Criativos. Não medem esforço para alcançar a superação. São aqueles que apostam na liberdade.
Por outro lado, a constante mudança assusta muitas pessoas. Elas preferem a tranquilidade. Não trocam o certo pelo duvidoso. Ao invés de olhar para frente e buscar novas alternativas, procuram olhar para trás e buscar modelos no passado. Trocam a liberdade pela segurança. São os mais propensos a enfrentar o tédio de uma existência sem muitos desafios.
Na modernidade, as pessoas trocaram a segurança pela liberdade. Foi assim que derrubaram preconceitos, instituições medievais e fundaram o Estado democrático. Todavia, alguns contemporâneos consideram a liberdade perigosa demais. Ela empurra os indivíduos para o caos da multiplicidade de escolhas e alternativas sem nenhum critério. Procurando um terreno mais firme e sólido diante de uma sociedade líquida, trocam a liberdade pela segurança, a mudança pela estabilidade.
Tédio e ansiedade, liberdade e segurança são polos da existência que não são opostos e excludentes, mas diferentes e complementares. Não há uma existência que suporte mudanças constantes sem nenhum elemento que permanece, sendo que esse elemento pode ser até mesmo a identidade do sujeito, sua história, seu desejo. Também não há existência que resista ao bloqueio do novo, do diferente, da mudança.
Uma metáfora possível é usada na teoria geral dos sistemas. Os sistemas tem em si uma estrutura capaz de gerenciar novas informações que são processadas e lançadas ao ambiente para que retorne e aperfeiçoe o sistema. Contudo, todo sistema tem um limite que é a capacidade de gerenciar informações. Assim como no campo da informática, o hardware (a parte mecânica – capacidade de gerenciar a informação) dá suporte e limita o software (os programas que vão rodar). Para que um software mais potente seja processado, é necessário um hardware compatível.
Na relação entre tédio e ansiedade, liberdade e segurança, está a capacidade de cada pessoa para gerenciar conflitos e frustrações. Tem pessoas com alto grau de gerenciamento dessas situações, mas tem pessoas com baixíssima capacidade e que logo nos primeiros desafios perdem a paciência e, não raro, adoecem.
A reflexão certamente pode ser mais profunda e mais ampla. Deixo aos leitores essa tarefa.
[our_team image=”” title=”Padre Eliseu Lucas Alves de Oliveira” subtitle=”” email=”” phone=”” facebook=”” twitter=”” linkedin=”” vcard=”” blockquote=”” style=”vertical” link=”” target=”” animate=””]Natural da cidade de Ijuí. 31 anos.
Iniciou sua vida no seminário no ano de 2005 e foi ordenado padre no ano de 2012.
Formado em filosofia (PUCRS), teologia (FAPAS), história (UNOPAR) e psicopedagogia (UNINTER).
Trabalha há 4 anos e meio na paróquia São Pedro Apóstolo de Ajuricaba.
Atua como responsável pela Pastoral da Juventude e pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Diocese de Cruz Alta.[/our_team]