Tribunal de Justiça decide hoje se réus do Caso Kiss irão a júri popular

O Tribunal de Justiça (TJ) do Estado julgará, nesta quarta-feira à tarde, os recursos dos quatro advogados de defesa do processo criminal por homicídio no caso da boate Kiss. Entre os pontos questionados pelos defensores, os desembargadores decidirão se mantêm ou não a decisão do juiz de primeira instância Ulysses Fonseca Louzada, da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, que encaminhou o caso a júri popular.
Pouco antes das 7h, familiares de vítimas se reuniram em frente à Catedral Metropolitana de Santa Maria. No local, eles pegaram um ônibus fretado que os levaria a Porto Alegre, onde acompanhariam o julgamento. No total, 26 pessoas embarcaram.

– Espero não ter nenhuma surpresa hoje. Vamos com a expectativa de que vai ser mantida a decisão tomada pelo Louzada, que escutou todos os depoimentos. Qualquer coisa diferente disso seria desfazer todo o trabalho dele. Ainda tenho muita esperança de que justiça deja feita. Minha filha não viveu em vão e não morreu em vão – disse Ligiane Righi, mãe de Andrielle, que morreu no incêndio ocorrido em 27 de janeiro de 2013.
O processo tem como réus os ex-donos da casa noturna, Elissandro Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor de palco, Luciano Bonilha Leão. Eles são acusados por homicídio doloso, qualificado por incêndio e motivo torpe, de 242 pessoas e tentativa de homicídio de outras 600 vítimas. De acordo com a denúncia, uma faísca de um tipo de fogo de artifício, utilizado pela banda dentro da Kiss, fez com que a espuma que revestia o teto do palco se incendiasse. A queima liberou gases tóxicos que levaram as vítimas à morte por asfixia.

O sentimento de Ligiane era compartilhado, pouco antes do embarque, por outros familiares de jovens que perderam a vida na casa noturna.
– Nós estamos indo para lá com convicção de que vai ser júri popular. Tem dias que a gente cansa, que dá uma saudade do filho, mas toda vez que a gente pensa neles, a gente tem mais vontade de lutar – diz Carina Corrêa, que perdeu a filha Thanise Correa Garcia na tragédia.
Munidos com faixas e cartazes, os pais programavam uma manifestação silenciosa e pacífica em Porto Alegre.
– Estou com um pouco de medo, porque sou bacharel em Direito e já li muito sobre esse assunto. Estou apreensiva, mas acho importante nos unirmos nesse momento. Tive depressão e me afastei um pouco dessa luta, mas, se houver pelo menos um resquício de justiça nesse caso, será por causa desses pais que estão cobrando – disse Cibele Garlete Facco, mãe de Luana, que também não resistiu ao incêndio.
O julgamento será feito pelos desembargadores da 1ª Câmara Manuel José Martinez Lucas (relator), Sylvio Baptista Neto e Jayme Weingartner Neto. Se eles entenderem que não é caso de Tribunal do Júri (onde os jurados da comunidade decidem se os réus são inocentes ou culpados), o processo voltará para o juiz de primeira instância. Na mesma sessão, os desembargadores dirão que crime, então, entendem que foi cometido pelos réus.
Com informações do Diário de Santa Maria